quarta-feira, 23 de setembro de 2015

Arte Moderna e Arte Contemporânea

Arte Moderna e Arte Contemporânea

Arte brasileira dos últimos cem anos encerra Mostra do Redescobrimento

Divulgação
Obras de Alfredo Volpi e Anita Malfatti (em sentido horário): modernos e abstratos
  Nesta época estranha em que curadores têm mais destaque que artistas, definir o que é arte moderna e contemporânea pode ser uma questão teórica. Quer dizer, em uma exposição que pretende redefinir o que é a arte brasileira – das suas raízes até a atualidade – certamente se cometerá injustiças que só podem se justificar pelo ponto de vista dos curadores ou pela falta de espaço (nunca de verbas, contando com o custo estimado daMostra do Redescobrimento: R$ 40 milhões).
  Ao visitar os módulos Arte Moderna eArte Contemporânea da exposiçãoBrasil + 500, em São Paulo, deve-se levar em conta o ponto de vista dos organizadores – aqueles que definem as obras de cada artista, ou mesmo, a ausência do mesmo. Um exemplo deste fenômeno é que Alberto da Veiga Guignard (1896-1962), certamente dos maiores pintores modernos brasileiros, está representado por quatro obras de pequeno porte, enquanto Alfredo Volpi (1986-1988) – felizmente, para o público – tem uma mostra panorâmica de sua obra, que vai de paisagens da década de 20 até os quadros mais geometrizados do fim dos anos 50.
Não por acaso também, a possível herança de Volpi é contemplada na boa representação de artistas ligados à tradição concretista. A sala de Sergio Camargo é bastante representativa, bem como as três grandes esculturas de Amilcar de Castro.
  Há outros núcleos como a produção mais engajada dos anos 60, representada, entre outros, por Antônio Dias e Rubens Gerchman. A convergência entre o abstracionismo geométrico e o espírito político tem lugar na retrospectiva de Hélio Oiticica. E a maior exceção fica por conta da grande parede dedicada a Jorge Guinle e à sua heróica insistência na pintura a óleo. A questão da curadoria é ainda mais decisiva no caso dos contemporâneos, levando em conta que a escolha de um único trabalho não é a forma ideal de apresentar o artista ao público. Há aqueles “clássicos” inegáveis como Tunga – apesar da iluminação sombria de sua sala, intensificada pelo cinza escolhido para as paredes dos dois módulos aqui citados. Mas não se deve presumir pela mostra, quais são os principais artistas brasileiros da atualidade. Porque assim como o cinza nunca foi uma cor neutra, nenhuma retrospectiva é. Para sabermos o que é a produção contemporânea precisamos de uma mostra ampla e atualizada, algo que há algum tempo cabia às Bienais Internacionais de São Paulo.

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